Ainda sobre O DIA MUNDIAL DO LIVRO (23 de abril), a Rede Globo, que comemora 60 anos HOJE (26 de abril), trouxe ao ar - numa edição especial do Jornal Nacional - uma matérial sobre o "Nordeste" e a passagem de Michael Jackson por Salvador , na Bahia. Neste contexto, resolvi postar um trecho do meu livro PONTO FINAL que retrata deste episódio repeleto de emoção e saudades.
“O Efeito Michael Jackson IV” – Minha Maior Emoção
No ano de 1996, assim por acaso, ao folhear um jornal, uma notícia me
chamou atenção: Deu no globo – quem está se preparando para vir ao Brasil é
Michael Jackson...
Era um texto pequeno, que rapidamente recortei para colar em meu acervo de recortes, que fizeram minha coleção chegar a casa dos 10 mil itens. Ainda tinha as locações e produção marcada para 1º de Fevereiro.
O artista já tinha vindo a São Paulo, em 1991, com a turnê Dangerous e na ocasião, não tive como ir.
Seria uma nova chance; agora, na Bahia, o estado que residia. A confirmação acontecu quando a imprensa deu início a uma série de matérias comentando aquela notícia que vira tempos atrás.
Uma coisa era certa: eu ia faltar o trabalho no dia seguinte!
Moro na cidade de Camaçari (BA) e, quando saí do trabalho na sexta-feira,
fui direto para Salvador! Tinha uma pessoa querida lá, amiga da família (Dona
Conceição), que me abrigaria com certeza. Ela morava no bairro dos Barris e as
gravações seriam realizadas no Centro Histórico (Pelourinho), das 9 da manhã
até o meio-dia; pelo menos era o que dizia no jornal...
Fui direto para a frente do Hotel da Bahia, no Campo Grande; a área
externa estava cercada de tapumes, adotando o mesmo procedimento que usam no
carnaval. Acesso, somente aos hóspedes após conferência de documentação.
Chegando lá, encontrei alguns amigos de Camaçari e muita gente a espera
de um aceno; o ambiente era descontraído. Ficamos lá até a meia-noite e o único
êxito que tivemos, foi pegar um dos papéis jogados (e disputados!), com a
assinatura do cantor, uma xerox!
Fui descansar para levantar as 3 da manhã!
Sabia que o local seria interditado; foi divulgado que, para este “acontecimento”
a Polícia Militar havia destacado 250 policiais, o Batalhão de Choque, o
Esquadrão Águia e a polícia Montada; fora a segurança pessoal do cara. Até o trânsito
seria interrompido nas mediações, portanto, só passariam os moradores que
estavam inscritos numa lista.
Três bloqueios policiais se formariam até o local das gravações. Por sorte,
quando passei, de madrugada, dois deles ainda não tinha sido formado e pude
chegar mais próximo do largo.
Daí em diante, foi uma eternidade! Passava gente, passava equipamentos,
passava Neguinho do Samba, passava Glória Maria, passava Antônio Pitanga,
passava Spike Lee, passava o tempo...e nada de Michael Jackson!
Ouvimos a música (com a batida do Olodum), e um cover ficou marcando as
cenas para deixar tudo pronto. Era tanta gente empurrando e disputando o mesmo
espaço que, se levantasse o pé, outro surgia e, era um Deus nos acuda!
Quando Michael Jackson chegou a polícia tratou de espremer todo mundo nas
calçadas, para que os batedores escoltassem o carro (uma Van), que trazia o
ídolo. A massa gritava eufórica: “Michael! Michael! Michael!...” Era
emocionante!
O carro se aproximava, as pernas tremiam; não sabia se tirava foto (a
máquina não era digital!), ou ficava olhando ...optei pela segunda alternativa.
O carro passou (de vidros abertos) e um Michael Jackson simpático acenava para
todos. A gravação ia começar a valer a pena!
Voltamos a ocupar a rua, agora, dividindo as emoções com aqueles que
viram o astro; o brilho nos olhos das pessoas refletia a satisfação de poder
estar ali.
O rei do pop chegou ao meio dia e dez, em pleno horário de almoço; acenou
para aquele monte de gente e entrou no Restaurante do Senac; só retornou uma
hora depois.
O lugar era bem longe, mas se via alguma coisa; o tempo fio passando até
quando Michael Jackson surpreendeu e veio ao nosso encontro; não era qualquer um
que aguentava os solavancos! A polícia agiu, com spray de pimenta! Parecia que
a multidão ia levar tudo! Registrei esse momento quando ele chegou e esticou o braço mas ficou de cabeça baixa entre os policiais.
Pude ver Michael Jackson muito próximo; algo em torno de “três metros de distância” e me senti realizado! Havia passado minha máquina fotográfica para alguém que estava do outro lado do cordão de isolamento e consegui uma foto muito boa! Apenas uma!
As outras que tirei viraram “vultos” devido aos empurrões que sofri. As gravações da música “Eles não ligam pra gente” acabaram no fim da tarde, por volta das 17 horas.
Estávamos cansados e com fome, mas estávamos felizes!
Na segunda-feira, quando voltei ao trabalho, fui chamado pela minha
patroa; ela apenas perguntou:
- Foi bom?
- Valeu a pena?
Eu respondi que SIM e voltei ao trabalho.
“Obrigado por esse momento”!